quarta-feira, 10 de agosto de 2011

VAI ALGEMAR? PERGUNTE ANTES QUEM ELE É....

Criei-me vendo filmes na televisão e no cinema. Adorava filmes policiais. Neles os bandidos sempre que eram presos saiam algemados. Aquelas cenas me traziam uma sensação de segurança. Colocadas as algemas, o bandido não era mais uma ameaça. A polícia havia cumprido seu papel e a justiça triunfara. Poderia até dizer que as algemas transmitiam a própria sensação da justiça, salvo para alguns mais sádicos em que elas transmitem sensação de prazer. Como não faço parte destes fico com a primeira. Mas esta sensação de justiça, aquele último resquício, parece estar com os dias contados para uma parcela da população. E não é preciso nem responder para qual. O amigo que está lendo este modesto texto e não foi afortunado pelo destino com cifras polpudas ou amigos influentes continuará a usá-las caso cometa algum ilícito penal. No chavão popular, um crime. Mas para a pequena parcela afortunada da sociedade algemas somente serão usadas nas alcovas íntimas, onde não trarão sensação de justiça, mas sim, de delícia. Sim, por que agora, antes de algemar o bandido, a polícia deverá perguntar qual a sua posição social. Se for do alto clero, cuidado. As algemas podem sair dos braços do algemado para os do algemante num piscar de olhos. Não é brincadeira. Quem dera fosse. Hoje mesmo li no jornal que o Ministro da Justiça solicitou que a polícia explicasse se as algemas foram usadas de forma correta. Caso for constatado o uso incorreto das algemas, o policial que fez uso delas erroneamente poderá responder. O que me intriga nisso tudo é que nunca vi um Ministro da Justiça solicitando explicações à polícia quando da prisão do Zezinho da vila. Nesse tasca a algema e pronto. Afinal as algemas e o código penal foram feitos sob medida para ele.  Por isso digo que se vai algemar, pergunte antes quem ele é. Se não tiver certeza, guarde-as para usar com a amada. É mais seguro.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Caldo Verde. Um Santo Remédio para os Dias Frios.


Nesses dias em que o frio bate em nossas portas, nada melhor para aquecer do que uma boa lareira, um belo fogão à lenha ou até mesmo um aquecedor elétrico. O ambiente fica mais aconchegante e gostoso. Aliados a eles nas noites frias uma boa pedida são as sopas. Fugindo um pouco da tradicional sopa de aignoline que está presente em nove de cada dez casas caxienses, trago hoje a receita de uma sopa de origem portuguesa. O caldo verde. Tradicional na cozinha lusitana, caiu como uma luva no nosso rio grande, onde o clima frio é tradicional. Como o frio torna a arte de digitar algo difícil, paramos por aqui com o trololó e vamos à receita, a qual adaptei ao meu gosto.
Para 04 pessoas você vai precisar de:
- 01 gomo de paio
- 01 gomo de lingüiça calabresa defumada
- 01 cebola média picadinha
- 01 dente de alho amassado
- 02 batatas grandes ou 04 pequenas cortadas em rodelas finas
- 01 maço de couve picadinho bem fininho
- 1,5 litro de caldo de carne ou galinha ( se não tiver use 1,5 de água fervente e 01 tablete de caldo)
- 02 colheres de farinha de trigo
- 02 colheres de azeite
- Sal e pimenta a gosto ( cuidado que a lingüiça, o paio e caldo já tem sal)
Opcional:
- 01 xícara de ervilhas congeladas
- 02 colheres de azeitonas verdes picadinhas

Em um caldeirão aqueça o azeite e frite o paio e a calabresa. Quando estiverem dourando junte a cebola e após o alho e refogue bem. Após as batatas e deixe fritar um pouquinho. Por fim coloque a farinha de trigo e mexa bem para não empelotar. Após jogue por cima o caldo ou a água fervente (se usar a água fervente não esqueça o tablete de caldo). Deixe cozinhar até a batata estar cozida. Coloque a ervilha e cinco minutos após  a couve. Deixe cozinhar rapidamente e desligue. Coloque a pimenta e apure o sal.
Sirva em cumbucas decoradas com as azeitonas picadas, fios de azeite de oliva e torradinhas.
Proporciona um calor no corpo que você terá vontade de sair dançando e cantando “ é uma casa portuguesa com certeza...”
Acompanha um bom cálice de tinto português.
Buono Apetit.

domingo, 7 de agosto de 2011

Minha Casa Minha Vida (ou seria Dívida)

Criado pelo governo federal para ser a solução de moradia para as famílias de classe mais baixa, o programa Minha Casa Minha Vida caminha para uma mudança no seu nome. Em pouco tempo o programa será chamado de Minha Casa Minha Dívida. E o que leva a essa conclusão. A baixa qualidade das obras. Apartamentos e casas que com menos de um ano de uso apresentam rachaduras, infiltrações, mofo, vazamentos, mau cheiro, etc... O morador se vê num beco sem saída afinal diferente de uma casa de aluguel, nesta o imóvel é seu, logo, a perspectiva de mudança é pequena. Além disso, na maioria das vezes o financiamento é de 30 anos, razão pela qual o mutuário estará preso pelos próximos anos. A quem recorrer? A maioria dos mutuários não sabe a quem. Quem compra uma casa dessas só quer saber de apresentar os papéis, assinar o contrato e mudar-se para fugir do aluguel.  Com o passar do tempo, o mutuário acaba se acostumando com os problemas que imóvel apresenta e reza todos os dias por uma solução mágica que melhore sua condição de habitabilidade, sabedouro de que se deixar de pagar as prestações a CEF, na grande maioria é ela o agente financeiro, entrará com uma ação de execução do contrato e levará o imóvel a venda. Dessa forma, acredito que em um curto espaço de tempo o judiciário federal estará abarrotado de processo de revisão dos financiamentos feitos através do sistema Minha Casa Minha Vida. Acredito que nessa fase o governo, tentando mostrar competência, criará uma vara federal para julgar as ações do programa. Lógico que sem provê-la de servidores. Fará um remanejo retirando servidores das varas previdenciárias para as novas criadas. Afinal a previdência não necessita de pressa. Para que o brasileiro necessita de aposentadoria e auxílio doença. O Judiciário ficará mais emperrado e a solução somente não virá por esse motivo. O governo dirá que não é culpa sua, afinal está nas mãos da justiça.  Por isso meu caro mutuário, já vá trocando o nome no seu carnê. Escreva lá bem grande: MINHA CASA MINHA DÍVIDA

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ADOTE UM NEGATIVO

Hoje é início de mês e o meu salário, ou melhor, remuneração, pelos trinta dias trabalhados no mês anterior já se foi. Inteirinho. Olhei no extrato para ver se não havia engano e encontrei a triste realidade: saldo negativo. Ou como preferem alguns, saldo ascendente ao contrário. Tipo no futebol a tabela do Z4, aqueles que serão rebaixados.
Já pensei até em conversar com meu gerente para conseguir uma remuneração do meu negativo, mas o que ele conseguiu foi aplicar uma remuneração invertida, ou seja, que eu deveria pagar ao banco. Pensei como pode. Trabalhei 22 dias, oito horas por dia, e em menos de cinco dias, com uma hora por dia gastei tudo que ganhei. Ingrata essa fórmula de remuneração do trabalho. Deveria ser ao contrário. Trabalharíamos cinco dias e gozaríamos o restante. Tentei um consolo, pensar que dinheiro não é tudo na vida, existem coisas melhores para aproveitar. Não consegui. Acho que por que sou capitalista e gosta das coisas boas da vida que são pagas. Já tentei inclusive um trabalho extra, mas não consegui seguidores e ainda perdi mais um pouco do meu pequeno capital. Não tinha jeito para a coisa. Imaginei que poderia ter sido jogador de futebol o artista de novelas, afinal eles ganham tanto. Desisti do futebol, afinal jogava de goleiro e era frangueiro. Na novela nem tentei. Apesar de todo esse esforço meu extrato continuava inerte, crescendo que nem aipim. Um amigo me indicou a bolsa de valores, mas com a ressalva de somente aplicar aquilo que estivesse sobrando. Como não tenho nada sobrando, mas sim faltando, passei a vez. Procurei um auxílio especializado. Um analista, que mais parecia uma calculadora, somou os meus rendimentos e as minhas contas e chegou à seguinte conclusão: que eu ganhava menos do que gastava. E o desgraçado ainda me cobrou para dizer algo que eu sabia. E com o ar superior ainda disse que eu deveria economizar. Mas economizar como, tinha filho na faculdade, uma prestação no Minha Casa Minha Vida, uns crediariozinhos, o supermercado, afinal alguma coisa teríamos que comer além de beber água. Sem contar água e a luz. Não, não tinha como economizar. Pensei em fazer um seguro de vida, mas o gerente me alertou que em casos de suicido o banco não pagava a apólice. Não tive outra escolha. Adotei o negativo como se fosse um filho. Afinal um a mais na casa não faria diferença.
Todo mês eu pagava a sua única prestação, aqueles módicos jurinhos, e ele ficava quietinho sem reclamar. Não reclamava da comida fria, da TV sem cabo, do futebol no domingo, da pelada com os amigos. Era o filho que pedi a Deus.  Santo e bondoso negativo. Quando aprendi a conviver com ele, tudo mudou. Hoje sou feliz. Eu, minha esposa, e meus filhos Paulinho e Negativo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Frio

Frio não pede licença,
entra por qualquer buraco,
e se instala até o fundo da nossa alma.
Gelado,
Congelante,
Frio apavorante.
Minuano, Serrano ou Litorâneo,
São todos iguais,
gelam dos pés à cabeça.
Não tem luva ou manta,
jornal ou fogueira,
que aqueça.
Nem o trago esquenta,
quando o danado entra,
Faz doer os ossos e trincar os dentes.
Frio,
amargo Frio,
rezemos que se vá.
Que venha a primavera,
florida, cheirosa,
oposto do emburrado, molhado,
inverno gelado,
que dificulta até o pensar.